sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Fachada do Belas Artes é tombada





A fachada do antigo Cine Belas Artes, na Rua da Consolação, região central, foi tombada nesta segunda-feira pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat). A decisão, no entanto, não obriga que o local seja reaberto como cinema. A deliberação do conselho também tomba uma faixa interna de quatro metros a partir da fachada. O objetivo é preservar a estrutura envidraçada característica do prédio. Assim, mesmo que o local passe a ser usado como uma loja, por exemplo, continuará parecendo um cinema.
O conselho deliberou que se “contemplem elementos na calçada e fachada que remontem à memória do cinema, a fim de garantir o registro permanente da memória aderente desse lugar”.
Sócio do Cine Belas Artes, André Sturm diz que preferiria que fosse feito o tombamento do uso do prédio. “Mas acho que é uma decisão histórica. Pela primeira vez, o Condephaat tomba pelo valor cultural e não arquitetônico”, afirma, confirmando que a determinação não impede o local seja transformado em uma loja, como diz ter ouvido em 2010, quando o contrato de aluguel do local deixou de ser renovado.
O advogado Fabio Luchesi Filho, que representa o dono do prédio, Flávio Maluf (que não tem parentesco com Paulo Maluf), também considerou a deliberação do Condephaat “uma vitória”. Para ele, a decisão não prejudica as intenções do dono do prédio.
O Movimento pelo Cine Belas Artes, com mais de 90 mil apoiadores na rede social Facebook, não perdeu a esperança de que o local volte a ser cinema. “Com uma fachada diferenciada, fica quase impossível ter um magazine lá”, acredita a turismóloga Eliane Manfré, integrante do movimento.
Também parte da mobilização, o escritor Afonso Lima diz que o assunto será discutido em audiência pública no dia 22 na Assembleia Legislativa. Os dois candidatos à Prefeitura, José Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT), serão convidados a opinar. Para Lima, o ideal seria instalar um centro cultural no local. “A compra (pela Prefeitura ou governo do Estado) é viável”, afirma.
Professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo, Renato Cymbalista afirma não entender a deliberação do Condephaat. “Se o que estamos preservando é uma relação entre o cinema e a cidade, pois aos poucos os cinemas de rua estão deixando de existir, não vejo como é possível fazer essa preservação sem preservar o uso do edifício como cinema.”

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